O Departamento de Ciências Humanas e Sociais e a Biblioteca Escolar da AEJD estão a assinalar o 80.º aniversário da libertação do campo de concentração nazi de Auschwitz-Birkenau, o mais mortífero e tristemente célebre dos campos onde o regime de Hitler exterminou friamente milhões de seres humanos.
O campo, situado no sul da Polónia, foi o destino de cerca de milhão e meio de prisioneiros. A grande maioria eram Judeus, mas houve também milhares de Ciganos, ambos os povos vítimas da sanha racista e genocida do regime nazi alemão. Outros ainda eram prisioneiros de guerra polacos e de outras nacionalidades. À chegada, em vagões de gado ou de mercadorias, os mais aptos eram levados para o trabalho forçado, enquanto os mais débeis, incluindo crianças e idosos, eram logo encaminhados pelos guardas das SS (tropa de elite nazi) para as câmaras de gás e os seus corpos incinerados em fornos crematórios.
A libertação chegou, finalmente, em 27 de janeiro de 1945, na fase derradeira da 2.ª Guerra Mundial, pela mão das tropas soviéticas, que encontraram vestígios evidentes do morticínio e algumas centenas de sobreviventes quase mortos de fome e de frio. Esse dia passou a constituir o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, que evocamos todos os anos.
No mundo de hoje, em que o racismo e a xenofobia (medo ou aversão ao que é estrangeiro) vão ganhando terreno novamente, e políticos autoritários ou irresponsáveis detêm o poder em muitos países, recordar o Holocausto serve como aviso a todos nós de que a intolerância e o ódio só conduzem à violência, à ruína e à morte.
Na Biblioteca Escolar encontra-se patente uma exposição de imagens de grande formato (cedidas pelo professor Paulo Pinto) que contam a história do Holocausto, desde o início das perseguições antissemitas em 1933 até ao horror dos guetos e da «Solução Final», como os nazis chamavam ao extermínio metódico dos Judeus e outras raças «sub-humanas». Temos também diversos livros e filmes sobre o Holocausto, os quais podem ser requisitados. Ao longo da semana, realizaram-se sessões de partilha de conhecimentos, muito enriquecedoras, pelo professor Fernando Oliveira e pelas alunas Ana Catarina e Mariana, do 7.º C e pela Maria Teixeira, junto com colegas da turma 5.º G.
Divulga-se, a seguir, informação partilhada pelo Fernando Oliveira:
Qual é a diferença entre “Holocausto” e “Shoah”?
Rabino Morris Dembowitz enterra novamente as vítimas judias do Holocausto. Dembowitz serviu como capelão do Exército dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Entre suas atividades estava a supervisão da exumação e enterro de vítimas judias do Holocausto (1945).
Foto: Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, cortesia de David Dembowitz
“Holocausto” é o termo inglês e “Shoah” o termo hebraico usado para descrever o genocídio perpetrado pela Alemanha Nazi durante a Segunda Guerra Mundial. “Holocausto” é derivado do grego para oferta queimada e é geralmente definido como uma vasta destruição causada por fogo ou outras forças não humanas. “Shoah”, entretanto, tem sua raiz bíblica no termo “shoah u-meshoah” (devastação e desolação) que aparece tanto no Livro de Sofonias (1:15) quanto no Livro de Job (30:3).
Nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, “Holocausto” é o termo mais comum, enquanto na Europa continental o termo Shoah se mostrou mais comum.
In WORLD JEWISH CONGRESS
ENTRADA FERROVIÁRIA PARA O CAMPO DE AUSCHWITZ
Antisemitismo: Ódio aos judeus. Criado por um ex-socialista alemã, Wilhem Marr, em 1873, o uso do termo foi generalizado no século XIX pelos antissemitas alemães. Ao contrário do que sugere sua etimologia, esta expressão nunca se referiu aos “semitas” como um todo, mas apenas aos judeus.
Pogrom: Ataque violento ou massacre, em russo. Historicamente o termo refere-se aos ataques perpetrados nomeadamente na Ucrânia contra os judeus no século XIX, mas o termo generalizou-se e internacionalizou-se.
Gueto: “Bairro residencial judaico” criado a partir de 1939 pelos nazis no território da Polónia. O objetivo era confinar judeus em espaços fechados dentro das cidades na expectativa de uma “Solução Final“. O termo “gueto” surge pela primeira vez em 1516, a propósito da criação do gueto de Veneza na Itália.
Campos de concentração: Estruturas de detenção, os campos de concentração nazis foram criados assim que Hitler chegou ao poder, para “reeducar” indivíduos considerados prejudiciais à “comunidade do povo” alemão.
Auschwitz: É no imenso complexo de campos de concentração de Auschwitz, e mais precisamente em Auschwitz II-Birkenau, que os nazis montaram o mais mortífero dos centros de extermínio da “Solução Final” (1.1 milhões de judeus foram deportados para Auschwitz, tendo aí morrido cerca de um milhão). Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do assassinato industrial dos judeus, uma metáfora da Shoah.
Genocídio: termo cunhado em 1944 pelo jurista Raphael Lemkin para designar a “destruição de uma nação ou de uma etnia”. Foi incorporado em 1948 no direito internacional. A sua definição jurídica inclui uma série de atos “cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”.
Crimes contra a Humanidade: categoria de criminalização definida em 1945 em Nuremberga, integrando os princípios gerais do direito internacional, partilhados pela maioria das nações. Designava na época o “assassinato, o extermínio, a escravidão, a deportação e qualquer ato desumano inspirado por motivos políticos, filosóficos, raciais ou religiosos e programado para ser executado contra um grupo da população civil”. Desde então, essa definição foi amplamente emendada e ampliada.
Justo/Justo entre as Nações: Título atribuído pelo Yad Vashem a não-judeus que salvaram ou contribuíram para o salvamento de judeus face às perseguições nazis. Para atribuição do título, é necessário um rigoroso processo de análise e avaliação de provas e de testemunhos. Portugal conta como “Justos entre as Nações”, os diplomatas Aristides de Sousa Mendes (árvore em Jerusalém) e Carlos Sampaio Garrido, Monsenhor Joaquim Carreira e o luso-francês Joseph (José) Brito Mendes.
In Memoshoá Site (adaptado)
E AS CRIANÇAS?… 1. (O Globo) / 2. (National Geogaphic)

